Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 6: Primeiros Passos na Jornada Escolar

18 out

José Carlos crescia correndo pelas ruas de Seropédica, sempre descalço, com os cabelos despenteados e os olhos brilhando de curiosidade. Ao contrário dos outros meninos que admiravam a vida militar, o uniforme impecável e as histórias de batalhas que seu pai contava, José Carlos se interessava pelo céu, pelas estrelas, pelo vento que balançava as árvores. Passava horas deitado no quintal, observando o movimento das nuvens e sonhando com lugares distantes. Seu mundo era feito de fantasias, de histórias que ele criava e recontava a si mesmo enquanto olhava para o horizonte.

Na escola, José Carlos era um aluno curioso. Embora não fosse o mais aplicado em matemática ou inglês, as aulas de literatura eram seu refúgio. Ele se encantava com as histórias de aventuras, de heróis que cruzavam terras desconhecidas, e imaginava que um dia poderia viver algo assim. Sua professora da primeira série, Dona Lúcia, notava esse brilho diferente nos olhos de José Carlos, e embora soubesse das expectativas de Nivaldo para o filho, ela incentivava o menino a nunca parar de sonhar.

“Você pode ser o que quiser, José Carlos”, dizia Dona Lúcia, sempre com um sorriso. “O mundo lá fora é grande, e seus sonhos são sua bússola.”

Mas em casa, a realidade era diferente. Nivaldo ficava cada vez mais impaciente com o comportamento “sonhador” do filho. Ele queria ver em José Carlos o mesmo compromisso que ele havia assumido desde cedo com a pátria, com a disciplina. A cada ano que passava, as conversas sobre o futuro de José Carlos tornavam-se mais sérias. Aos 10 anos, Nivaldo já falava de colégios militares, de treinamentos e de responsabilidades. José Carlos, no entanto, sentia-se sufocado, como se os prédios ao redor de Seropédica o estivessem aprisionando.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

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