Na 4ª série, José Carlos já era visto como um dos alunos mais promissores da escola. Sua dedicação aos estudos e sua habilidade com as palavras o faziam se destacar. No entanto, ao mesmo tempo, ele começou a sentir o peso das expectativas. Seu pai, Nivaldo, cada vez mais pressionava o garoto a seguir uma trajetória militar, enquanto suas professoras e sua mãe o incentivavam a buscar o caminho da educação.
A professora da 4ª série, Dona Sônia, foi uma das maiores influências em sua vida escolar. Ela era uma mulher jovem e cheia de energia, com uma visão ampla sobre o papel da educação. Para ela, a escola não era apenas um lugar onde se aprendia matérias, mas um espaço de formação para a vida. Dona Sônia incentivava seus alunos a pensar criticamente, a questionar o mundo ao redor deles e a buscar o conhecimento por conta própria.
Com ela, José Carlos aprendeu a arte da reflexão. As aulas de redação tornaram-se um espaço onde ele podia explorar não apenas histórias fictícias, mas também suas próprias ideias sobre o mundo. Ele escrevia sobre sua cidade, sobre os sonhos que tinha de viajar, sobre o desejo de escapar do destino que parecia traçado para ele. Dona Sônia lia com atenção cada uma de suas redações e sempre incentivava José Carlos a ir além.
“Você tem um olhar especial sobre o mundo, José Carlos. Nunca perca isso”, ela lhe disse certa vez, entregando-lhe de volta uma redação cheia de elogios. “Escrever é uma maneira de entender quem somos e o que queremos.”
Esse ano foi um ponto de virada para José Carlos. Ele começou a perceber que, embora respeitasse a tradição militar de sua família e amasse seu pai, seus sonhos eram diferentes. A pressão para seguir a carreira militar estava sempre presente, mas ele sabia, no fundo, que seu futuro passava por outros caminhos, talvez longe dos prédios de Seropédica.
João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG
A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
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