Na 3ª série, as coisas começaram a mudar. José Carlos, agora com oito anos, começou a perceber que nem todos viam o aprendizado com o mesmo entusiasmo que ele. A escola, para alguns de seus colegas, era um fardo, algo a ser suportado até que pudessem trabalhar e ajudar suas famílias. José Carlos se via cada vez mais isolado em sua paixão pelos estudos e pela leitura.
A professora da 3ª série, Dona Carmem, era uma mulher firme, que acreditava na disciplina como meio para o sucesso. Ela gostava de manter sua turma sob controle rígido, e embora José Carlos fosse um bom aluno, ele também começou a sentir o peso das cobranças. As matérias tornavam-se mais complexas, e José Carlos se via desafiado a equilibrar a expectativa de boas notas com seu desejo de continuar escrevendo e lendo por prazer.
Mas foi também nesse ano que José Carlos descobriu algo novo: a matemática. Embora nunca tivesse se interessado muito pelos números, ele encontrou na lógica dos problemas matemáticos uma espécie de quebra-cabeça que o desafiava de maneira diferente das palavras. Dona Carmem, que era apaixonada por matemática, fez questão de mostrar a José Carlos que os números também contavam histórias. Para ela, a matemática era como uma linguagem secreta que, quando decifrada, revelava os segredos do mundo.
José Carlos começou a gostar de resolver problemas, e logo passou a vê-los como uma forma de exercitar sua mente da mesma maneira que a leitura fazia com sua imaginação. Foi uma descoberta importante, que o ajudou a equilibrar sua paixão pela literatura com o lado mais técnico do conhecimento.
João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG
A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
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