Arquivo | 20:09

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 26: O Início da Jornada Técnica

5 nov

José Carlos ingressou na Escola Técnica com entusiasmo, disposto a enfrentar os desafios do curso técnico em eletrônica, concomitante com o ensino médio regular. Aos 14 anos, ele estava imerso em um novo mundo, onde as aulas eram bem mais exigentes e o ambiente, competitivo. A rotina era intensa: as manhãs eram dedicadas às disciplinas do 2º grau colegial e, durante as tardes e algumas noites, as aulas técnicas preenchiam seu tempo.

O primeiro ano do curso foi um período de adaptação. José Carlos descobriu logo nas primeiras semanas que precisaria de muita disciplina para conciliar as matérias teóricas do colégio com a carga prática do curso de eletrônica. As aulas de física, matemática e português continuavam, mas agora ele também mergulhava em um universo de circuitos, componentes e fórmulas que o fascinavam. Pela primeira vez, as equações e teorias que aprendera no ginásio tinham uma aplicação concreta nas suas mãos.

José Carlos logo se destacou nas aulas de eletrônica básica, aprendendo sobre resistores, capacitores, transistores e diodos. Seu interesse pela tecnologia era evidente, e ele rapidamente demonstrou habilidades práticas, montando e desmontando circuitos com facilidade. O professor Marcondes, um engenheiro experiente e exigente, logo percebeu o talento de José Carlos.

“Você tem potencial para ir longe nessa área, José Carlos”, disse o professor, após uma aula prática onde ele havia montado um circuito de controle de luz. “Mas o caminho será árduo, e você precisa se dedicar ainda mais se quiser se destacar.”

Essas palavras marcaram José Carlos. Ele sabia que estava no lugar certo, mas também que o curso exigiria dele mais do que simples interesse. Ele precisaria desenvolver disciplina, foco e habilidade técnica para se tornar um profissional de destaque.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 25: A Última Visita

5 nov

Quando José Carlos já estava prestes a deixar Seropédica, após completar 14 anos, ele fez uma última visita à professora que o alfabetizou. Dona Marcolina, agora já aposentada, vivia em uma casa simples, cheia de livros e memórias. Ao vê-lo entrar, seus olhos brilharam, e o rosto antes severo suavizou-se com um sorriso afetuoso.

“Eu sabia que você voltaria”, disse ela. “Sempre soube que você seria um daqueles que não esquecem de onde vieram.”

José Carlos sentou-se com ela na varanda, onde passaram um bom tempo em silêncio, apenas contemplando as construções que cercavam a cidade. Por fim, ele tirou do bolso um caderno simples, onde havia começado a rascunhar as primeiras páginas de uma história que pretendia escrever. Era sua maneira de agradecer a ela por ter lhe dado as asas para sonhar.

“Quero te mostrar algo, Dona Marcolina”, disse José Carlos, entregando o caderno. “Ainda está no começo, mas espero que um dia se torne algo que valha a pena ser lido.”

Dona Marcolina pegou o caderno com as mãos trêmulas, e um sorriso de orgulho se formou em seu rosto. “Você já está escrevendo sua própria história, José Carlos. E isso é o que importa.”

José Carlos despediu-se de sua mestra com a certeza de que, onde quer que fosse, as palavras o acompanhariam. A cidade poderia ficar para trás, mas as lições de Dona Marcolina estariam sempre com ele, como um farol a iluminar seu caminho.

E assim, com o coração cheio de gratidão, ele partiu para o mundo.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.