No segundo ano do curso, José Carlos já estava mais acostumado à rotina intensa. Ele havia aprendido a organizar melhor seu tempo, conseguindo equilibrar as aulas teóricas do ensino médio com as exigências do curso técnico. Embora muitos colegas reclamassem da carga de trabalho, José Carlos via aquilo como um desafio pessoal. Para ele, o aprendizado não era apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de se preparar para um futuro promissor.
As aulas de eletrônica avançaram, e agora José Carlos estava estudando circuitos mais complexos, incluindo sistemas digitais e microcontroladores. Sua mente curiosa estava sempre em busca de novas descobertas. Ele passava horas extras no laboratório da escola, experimentando e testando novos circuitos, muitas vezes ao lado de Thiago, que se tornara seu parceiro de projetos.
“Thiago, olha isso”, José Carlos dizia, excitado ao testar uma nova ideia. “Se conseguirmos integrar esse microcontrolador com o sistema de sensores, podemos automatizar o controle de luzes da casa. Imagina o potencial disso!”
Thiago compartilhava o entusiasmo, e juntos eles começaram a desenvolver pequenos projetos fora do currículo. Um deles foi um protótipo de sistema de alarme caseiro, que utilizava sensores de movimento e controle remoto. Esse projeto chamou a atenção de seus professores, e foi exibido em uma feira de ciências local, onde eles receberam elogios por sua criatividade e execução.
No entanto, a vida de José Carlos não se resumia apenas aos estudos e experimentos. A adolescência também trouxe desafios emocionais e pessoais. O peso das expectativas familiares ainda era uma constante em sua vida. Embora Nivaldo, seu pai, tivesse aceitado a escolha de José Carlos de seguir o caminho da eletrônica, ele ainda demonstrava reservas.
“Você está fazendo algo bom, José Carlos”, dizia seu pai de forma contida. “Mas eu ainda acho que o Exército teria sido uma escolha mais segura.”
Essas palavras sempre ressoavam em José Carlos, mas ele já havia aprendido a lidar com essa pressão. Sabia que seu caminho estava traçado de acordo com suas paixões, e que o futuro que ele buscava dependia de sua dedicação.
João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG
A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
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