Quando José Carlos recebeu a notícia de que havia sido aceito na Escola Técnica de Eletrônica, uma nova realidade se apresentou: ele teria que deixar sua cidade natal, Seropédica, para morar no alojamento da escola durante os três anos do curso. Para alguém que havia passado toda a vida na pequena cidade, cercado pelo ambiente familiar, essa seria uma das mudanças mais significativas de sua vida.
O alojamento ficava em um prédio anexo à escola, localizado a alguns minutos de caminhada das salas de aula e dos laboratórios. O edifício de três andares era antigo, mas bem conservado, com corredores longos e janelas altas que permitiam a entrada de bastante luz natural. Ao lado, havia um pequeno jardim onde os alunos costumavam se reunir nos momentos de folga. A fachada, pintada de branco, era simples, mas transmitia uma sensação de solidez, de que aquele lugar havia visto gerações de estudantes passarem por suas portas em busca de conhecimento.
No primeiro dia em que chegou, José Carlos foi recebido por um funcionário da escola, o Sr. Amadeu, responsável pelo alojamento. Ele era um homem de meia-idade, de fala tranquila, que orientava os novos alunos com paciência. Ao entregar a chave do quarto a José Carlos, o senhor deu-lhe um sorriso encorajador.
“Seja bem-vindo rapaz. Aqui, você vai aprender muito mais do que eletrônica. Vai aprender a viver por conta própria. Qualquer coisa, estou por perto.”
José Carlos subiu as escadas com sua mochila nas costas e uma mala na mão, sentindo um misto de nervosismo e empolgação. Sabia que aquele alojamento seria seu lar nos próximos três anos, e isso trazia uma mistura de liberdade e responsabilidade. Quando abriu a porta de seu quarto, encontrou um espaço simples, mas funcional. O ambiente era pequeno, com dois beliches de madeira, um armário compartilhado e uma escrivaninha no canto, onde os alunos poderiam estudar. As paredes eram brancas, sem decoração, e o chão de azulejos claros. O espaço parecia austero, mas José Carlos sabia que, com o tempo, ele e seus colegas iriam transformá-lo em algo mais pessoal e acolhedor.
No quarto, José Carlos dividia o espaço com três outros alunos que também estavam iniciando o curso de eletrônica. Ricardo, um rapaz alto e sorridente do interior de Minas Gerais, foi o primeiro a cumprimentá-lo.
“E aí, cara, sou o Ricardo! Parece que seremos colegas de quarto. Também tô um pouco perdido, mas acho que a gente vai se dar bem.”
Os outros dois colegas, André e Felipe, chegaram logo depois. André era tímido e reservado, preferindo ficar em silêncio, enquanto Felipe, sempre com um ar descontraído, logo se enturmou com todos, trazendo um clima leve ao ambiente.
Os quatro rapidamente começaram a organizar o quarto, cada um escolhendo seu beliche e dividindo o espaço no armário. José Carlos percebeu que, apesar da simplicidade do alojamento, seria ali que ele passaria alguns dos momentos mais importantes de sua vida.
João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG
A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Deixe um comentário