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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 40: Uma Breve Jornada na Engenharia

22 nov

Um ano após concluir o curso técnico em eletrônica, José Carlos decidiu seguir um caminho que, para muitos, parecia natural: ingressar no curso de engenharia. Sua formação técnica e habilidade com eletrônica o tornavam um candidato promissor para a área, e a escolha parecia lógica. Porém, logo no início, José Carlos começou a perceber que algo estava errado. Por mais que estivesse cercado de tecnologia, cálculos e projetos, ele sentia que sua essência não se encaixava completamente naquele ambiente.

O primeiro semestre foi marcado por um misto de entusiasmo e frustração. José Carlos se dedicava às matérias com disciplina, mas o conteúdo técnico e o foco em cálculos e fórmulas exigiam uma concentração que, ao contrário do que ele esperava, não o entusiasmava. A paixão que antes o movia parecia mais distante a cada aula. Ele sentia falta das conexões humanas, dos debates e das discussões, algo que sempre fez parte de sua personalidade extrovertida.

Conforme o semestre avançava, José Carlos começou a questionar se realmente queria seguir a engenharia. Ele percebia que seu interesse estava menos em entender minuciosamente as engrenagens e mais em compreender o mundo através de outros prismas, como a política e a história. As interações que ele tinha no curso de engenharia pareciam distantes e técnicas, muito diferentes das relações vibrantes e profundas que sempre valorizou.

Nas aulas, ao invés de se sentir instigado, José Carlos percebia que a engenharia exigia uma dedicação à exatidão e ao rigor técnico que, apesar de importante, não refletia seus desejos mais profundos. Ele queria explorar mais a mente humana, entender o passado e fazer parte de algo que pudesse tocar diretamente a vida das pessoas. Mesmo com a pressão para continuar e com o esforço que já havia dedicado, José Carlos entendeu que a engenharia não era para ele.

Ao final do primeiro semestre, José Carlos tomou a decisão de deixar o curso de engenharia. Para muitos, essa escolha foi uma surpresa, já que, tecnicamente, ele tinha o perfil ideal para seguir adiante. Contudo, José Carlos sabia que insistir em algo que não correspondia à sua paixão seria um desperdício, tanto de tempo quanto de energia.

Ao abandonar a engenharia, José Carlos se sentiu mais leve e com espaço para buscar outros caminhos, talvez ligados à política, aos estudos de história ou a qualquer outra área que lhe permitisse aliar o conhecimento ao seu desejo de estar próximo das pessoas e fazer a diferença.

A engenharia havia sido apenas um capítulo breve na vida de José Carlos, mas fundamental para que ele compreendesse mais sobre si mesmo e sobre o que realmente queria.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.