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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 47: Dividido entre Três Mundos

9 dez

No último ano da faculdade, José Carlos enfrentava uma rotina extenuante. Sua vida era dividida entre três grandes responsabilidades: pela manhã, trabalhava como professor na rede estadual de ensino; à tarde, atuava como técnico em eletrônica no setor de TV por assinatura; e, à noite, dedicava-se ao curso de História. Essa tríplice jornada o desafiava a equilibrar sonhos, responsabilidades e limites pessoais.

As manhãs de José Carlos começavam cedo, com o som do despertador antes mesmo do sol nascer. Ele seguia para a escola estadual, onde lecionava História para turmas do Ensino Fundamental e Médio. A sala de aula era um lugar que ele amava, mas que também exigia muita energia. Ensinar era mais do que transmitir conteúdos; era um esforço constante para engajar os alunos e lidar com os desafios do sistema educacional.

José Carlos preparava suas aulas à noite, nos intervalos entre a faculdade e o pouco tempo livre que conseguia encontrar. Ele fazia questão de trazer assuntos instigantes e ligados à realidade dos estudantes, conectando os temas históricos à vida cotidiana. Apesar do cansaço, sentia-se realizado ao ver o brilho nos olhos de um aluno que compreendia algo novo ou fazia uma pergunta curiosa.

Sem tempo para descansar, José Carlos saía da escola e seguia direto para o trabalho como técnico em eletrônica. Era um contraste marcante: das conversas sobre revoluções e movimentos sociais pela manhã, ele passava à instalação de decodificadores e ajustes técnicos no período da tarde.

Embora não fosse sua paixão, o trabalho técnico ainda tinha um lugar especial na vida de José Carlos. Ele gostava do desafio prático de resolver problemas e apreciava o fato de que aquele emprego era o que financiava seus estudos e sustentava seus projetos. No entanto, a rotina era intensa, e ele muitas vezes se via cansado ao final do expediente, já pensando na longa noite de estudos que ainda o aguardava.

Quando o dia finalmente parecia estar terminando, José Carlos seguia para a faculdade, onde vivia o ápice de sua realização pessoal. O último ano do curso era desafiador, com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) exigindo grande dedicação. Ele havia escolhido um tema que o apaixonava: os movimentos populares no Brasil do século XX, e mergulhava nos textos acadêmicos, pesquisas e debates com entusiasmo, apesar do desgaste físico.

Seus professores na faculdade admiravam sua dedicação e sua capacidade de conectar os diferentes mundos em que vivia. Muitos não sabiam como ele conseguia conciliar tudo, mas José Carlos acreditava que a paixão pela História era o que o mantinha em pé.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 38: A Despedida da Escola Técnica

17 nov

O momento de deixar a escola técnica, onde havia passado três intensos anos, foi marcado por um misto de nostalgia e expectativa para José Carlos. Ele se lembrava de cada momento passado nos corredores e no alojamento, das amizades que cultivara, dos desafios técnicos e das muitas aventuras que compartilhara com os colegas. A escola técnica havia sido mais do que um lugar de aprendizado; tinha sido seu primeiro passo em direção à vida adulta e o início de uma jornada de descobertas.

Deixar aquele ambiente não era apenas uma questão de finalizar o curso. José Carlos sabia que estava encerrando um ciclo importante, e embora se sentisse animado com o que estava por vir, sabia que aquele capítulo da sua vida ficaria marcado. Na última semana de aulas, ele e seus amigos organizaram uma confraternização no alojamento, onde recordaram os bons momentos e se despediram do lugar que tanto significava para cada um deles.

José Carlos sentiu que levava dali muito mais do que um diploma técnico. A convivência com os colegas, os aprendizados e as habilidades técnicas que desenvolvera tornaram-se parte fundamental de quem ele era. Embora não soubesse ao certo qual caminho seguiria, ele tinha a confiança de que aquele período havia moldado sua visão de mundo e despertado nele um espírito curioso e determinado.

Deixar a escola técnica foi, para ele, não apenas o fim de uma etapa, mas o início de outra. Agora, com o curso concluído e a responsabilidade de trabalhar para se sustentar, José Carlos estava preparado para os próximos desafios.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 22: A Espera e o Resultado

1 nov

Os dias que seguiram o vestibular foram repletos de ansiedade. José Carlos tentava se concentrar nas aulas da escola regular, mas sua mente voltava sempre àquele dia, àquelas questões. Ele sabia que havia dado o seu melhor, mas a dúvida o corroía. E se não fosse suficiente? O que ele faria? Voltar ao caminho militar que seu pai desejava parecia cada vez mais distante de seus sonhos.

Finalmente, o dia do resultado chegou. José Carlos e Thiago foram juntos para conferir a lista de aprovados. O coração de José Carlos batia acelerado enquanto eles se aproximavam do mural onde os nomes estavam expostos. O lugar estava cheio de outros estudantes, todos ansiosos como eles. Quando chegou a sua vez de olhar, José Carlos prendeu a respiração.

Seu nome estava lá. Ele havia passado.

O alívio tomou conta de seu corpo, seguido por uma onda de emoção que ele não pôde conter. Thiago também havia sido aprovado, e os dois se abraçaram, comemorando o resultado de meses de dedicação e sacrifício. Aquele momento marcou o início de uma nova fase para José Carlos. Ele sabia que o caminho não seria fácil, mas agora ele estava um passo mais perto de seus sonhos.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 16: Reflexões de um Adolescente

27 out

No final da 8ª série, José Carlos estava à beira de uma encruzilhada. Ele sabia que seu destino não estava em Seropédica, nem nos quartéis que seu pai tanto admirava. Como ele poderia convencer o pai de que queria trilhar outro rumo? Como ele poderia escapar da tradição familiar e se lançar em direção a um futuro ainda indefinido?

Enquanto José Carlos refletia sobre essas questões, ele também sabia que o fim do ginásio marcava o início de uma nova jornada. Uma jornada cheia de desafios, mas também repleta de possibilidades.

A amizade com Thiago, as influências de professores como Dona Celina e seu Eugênio, e o apoio silencioso de sua mãe, davam a José Carlos a força necessária para acreditar em seu próprio potencial. E ele sabia que, independentemente das dificuldades que surgissem, estava disposto a lutar pelos seus sonhos.

A vida no ginásio havia sido um período de crescimento e amadurecimento. Agora, José Carlos estava pronto para dar o próximo passo, ciente de que o mundo era maior do que ele jamais imaginara.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos

12 out

Depois de um longo período longe das redes para cuidar da saúde, resolvi, que a partir de hoje, iniciarei a publicação de um romance; um capítulo por dia! Escolhi o dia 12 de outubro para começar essa jornada, pois essa data tem um significado muito especial em minha vida. A cada dia, vocês acompanharão uma nova parte dessa história, cheia de emoção, desafios, momentos marcantes e revelações incríveis. Espero que se encantem e se envolvam com os personagens tanto quanto eu! Fiquem atentos para acompanhar o desenrolar dessa trama que promete surpreender.

A obra é ficcional. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos

Capítulo 1: Um Novo Horizonte

Em uma cidade cercada por intensa movimentação, nasceu José Carlos. A cidade de Seropédica, localizada na Baixada Fluminense era marcada, já naquela época, pelo caos e a agitação. A cidade parecia viver em uma eterna corrida contra o tempo, com ruas estreitas abarrotadas de carros velhos soltando fumaça e ônibus apinhados de gente. Não havia nada de sereno em Seropédica, e a paisagem urbana era marcada por construções antigas, desgastadas pelo tempo e pelo descaso. O som constante de buzinas, o eco dos motores e o movimento incessante de pessoas indo e vindo faziam parte da rotina.

José Carlos, que havia crescido ali, não se surpreendia mais com o ambiente ao seu redor. Desde cedo, ele havia aprendido que Seropédica era um lugar onde as pessoas viviam com pressa, onde o concreto dominava e os prédios mal cuidados se misturavam com fábricas que lançavam fumaça negra no céu, tingindo o horizonte de um cinza permanente. Não havia espaço para o encanto ou para o deslumbramento. A realidade de Seropédica era dura, implacável.

Seu pai, Nivaldo, era um homem sério e disciplinado, um militar do Exército que trazia a rigidez do quartel para dentro de casa. Ele vestia o uniforme com orgulho e, para ele, a ordem e a honra eram os pilares de uma vida digna. Nivaldo vinha de uma longa linha de militares, e esperava que seu filho seguisse os mesmos passos. José Carlos, por outro lado, não compartilhava dos mesmos sonhos. Mesmo pequeno, ele já nutria uma paixão diferente, algo que nem ele mesmo conseguia explicar, mas que o levava a sonhar com mundos além da agitação que cercava sua cidade.

Dona Maria Júlia, a mãe de José Carlos, era o completo oposto de Nivaldo. Dona de casa dedicada, ela trazia um ar de leveza e tranquilidade ao lar. Sua vida se resumia em cuidar da família, mas, ao contrário de seu marido, não impunha grandes expectativas sobre o filho. Para ela, o importante era que José Carlos fosse feliz. Maria Júlia conhecia o marido como ninguém, sabia que a rigidez que ele trazia era fruto de sua própria criação, de uma vida dura, marcada por poucas oportunidades e uma responsabilidade que desde cedo lhe foi imposta.