No último ano da faculdade, José Carlos enfrentava uma rotina extenuante. Sua vida era dividida entre três grandes responsabilidades: pela manhã, trabalhava como professor na rede estadual de ensino; à tarde, atuava como técnico em eletrônica no setor de TV por assinatura; e, à noite, dedicava-se ao curso de História. Essa tríplice jornada o desafiava a equilibrar sonhos, responsabilidades e limites pessoais.
As manhãs de José Carlos começavam cedo, com o som do despertador antes mesmo do sol nascer. Ele seguia para a escola estadual, onde lecionava História para turmas do Ensino Fundamental e Médio. A sala de aula era um lugar que ele amava, mas que também exigia muita energia. Ensinar era mais do que transmitir conteúdos; era um esforço constante para engajar os alunos e lidar com os desafios do sistema educacional.
José Carlos preparava suas aulas à noite, nos intervalos entre a faculdade e o pouco tempo livre que conseguia encontrar. Ele fazia questão de trazer assuntos instigantes e ligados à realidade dos estudantes, conectando os temas históricos à vida cotidiana. Apesar do cansaço, sentia-se realizado ao ver o brilho nos olhos de um aluno que compreendia algo novo ou fazia uma pergunta curiosa.
Sem tempo para descansar, José Carlos saía da escola e seguia direto para o trabalho como técnico em eletrônica. Era um contraste marcante: das conversas sobre revoluções e movimentos sociais pela manhã, ele passava à instalação de decodificadores e ajustes técnicos no período da tarde.
Embora não fosse sua paixão, o trabalho técnico ainda tinha um lugar especial na vida de José Carlos. Ele gostava do desafio prático de resolver problemas e apreciava o fato de que aquele emprego era o que financiava seus estudos e sustentava seus projetos. No entanto, a rotina era intensa, e ele muitas vezes se via cansado ao final do expediente, já pensando na longa noite de estudos que ainda o aguardava.
Quando o dia finalmente parecia estar terminando, José Carlos seguia para a faculdade, onde vivia o ápice de sua realização pessoal. O último ano do curso era desafiador, com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) exigindo grande dedicação. Ele havia escolhido um tema que o apaixonava: os movimentos populares no Brasil do século XX, e mergulhava nos textos acadêmicos, pesquisas e debates com entusiasmo, apesar do desgaste físico.
Seus professores na faculdade admiravam sua dedicação e sua capacidade de conectar os diferentes mundos em que vivia. Muitos não sabiam como ele conseguia conciliar tudo, mas José Carlos acreditava que a paixão pela História era o que o mantinha em pé.
João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.
A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.