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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 50: O Chamado para a Educação

15 dez

Por outro lado, a sala de aula sempre fora onde José Carlos se sentia mais realizado. Ensinar era mais do que um trabalho; era sua forma de contribuir para a sociedade e transformar vidas. Ele se lembrava de como se sentira nas primeiras aulas que lecionou como substituto, da conexão que criara com os alunos e da alegria de ver o interesse deles pela História despertar.

No entanto, a realidade da profissão também pesava. Ele sabia que o salário de um professor na rede pública era limitado e que as condições de trabalho muitas vezes eram desafiadoras. A escolha pelo ensino exigiria coragem para enfrentar essas dificuldades em nome de algo maior.

José Carlos passou semanas refletindo. Conversou com colegas de ambas as áreas, analisou suas finanças e tentou imaginar onde estaria em cinco ou dez anos se escolhesse um dos caminhos. No fundo, ele sabia que a decisão não poderia ser baseada apenas na segurança ou no pragmatismo; precisava ouvir seu coração.

Em uma tarde tranquila, sentado em seu pequeno apartamento, José Carlos pegou um caderno e começou a listar os motivos pelos quais queria ser professor. À medida que escrevia, percebeu que a lista ia além de motivos profissionais: era sobre propósito, transformação e o desejo de impactar vidas.

Naquela noite, ao fechar o caderno, José Carlos tomou sua decisão. Ele iria abraçar a carreira como professor. Sabia que não seria fácil, mas também entendia que esse era o caminho que o fazia sentir-se vivo, desafiado e conectado ao mundo ao seu redor.

No dia seguinte, José Carlos formalizou sua saída do trabalho técnico e se dedicou exclusivamente ao ensino. Ele começou com contratos temporários em escolas públicas, mas sabia que aquele era apenas o início de sua jornada. Estava determinado a crescer na profissão, investir em especializações e se tornar não apenas um educador, mas uma referência para seus alunos.

A bifurcação que antes parecia um dilema agora era vista como uma oportunidade. José Carlos havia escolhido o caminho do coração, e isso o enchia de entusiasmo para enfrentar os desafios que viriam pela frente.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 2: A Relação com Joice

13 out

Desde que José Carlos conseguia se lembrar, sua irmã Joice sempre esteve ao seu lado. Eles eram inseparáveis na infância, apesar de serem tão diferentes em personalidade. Joice, três anos mais nova, era a luz radiante que iluminava a casa, com seu sorriso fácil, apesar de seu jeito introvertido. José Carlos fazia amizades com facilidade, ria alto, e nunca perdia a oportunidade de contar uma história engraçada ou de engajar todos à sua volta em uma boa conversa. Ele era carismático, o que o tornava popular entre seus colegas, seja na escola ou na vizinhança. Joice tinha uma habilidade única de trazer leveza aos momentos mais pesados da vida de José Carlos. Quando ele se perdia em seus pensamentos sobre o futuro, era Joice quem aparecia com uma piada ou um convite inesperado para uma caminhada pela vizinhança. Ela tinha um jeito natural de lembrar a José Carlos que havia mais na vida do que estudos e responsabilidades, impostos pelo pai.

Na infância, os dois costumavam brincar juntos na pequena casa em que moravam. Com a cidade agitada ao redor, os momentos no quintal eram um refúgio para os irmãos. Criavam mundos imaginários e inventavam jogos que só faziam sentido para eles. Joice, sempre criativa, liderava as brincadeiras, enquanto José Carlos, tentava organizar as regras. Essa dinâmica, que os mantinha unidos quando crianças, era um reflexo de como continuariam se equilibrando à medida que crescessem.

Durante os anos em que José Carlos se dedicava ao curso técnico e passava a maior parte do tempo no alojamento da escola no interior de Minas Gerais, Joice também enfrentava seus próprios desafios. Ela estava no ensino fundamental, lidando com as dificuldades da adolescência, mas, sempre que José Carlos voltava para casa nos períodos de férias, ela o recebia com a mesma alegria de sempre. Os dois se sentavam para conversar, e Joice, como sempre, queria saber de tudo: “E aí, José Carlos, como foram as aulas? O que você aprendeu de novo? E os seus amigos, como estão?”

O que fortalecia ainda mais o relacionamento deles era o respeito mútuo. Mesmo com personalidades tão distintas, eles sempre souberam que podiam contar um com o outro. Joice era o alívio leve que José Carlos precisava para não se afogar nas responsabilidades, enquanto ele era o porto seguro que ela sempre procurava quando se sentia perdida.

Conforme ambos amadureciam, essa cumplicidade só se tornava mais forte. Ainda que o tempo os levasse por caminhos diferentes, o laço entre eles permanecia inquebrável. Joice seguia seu caminho com a mesma determinação e espírito livre que a definiam desde pequena, enquanto José Carlos continuava seu trajeto disciplinado, mas sempre sabendo que, em momentos de dificuldade, sua irmã estaria ali, pronta para lembrá-lo de que a vida é mais do que seguir regras. É também sobre viver com intensidade e paixão, algo que Joice, com seu brilho único, nunca deixava que ele esquecesse.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos

12 out

Depois de um longo período longe das redes para cuidar da saúde, resolvi, que a partir de hoje, iniciarei a publicação de um romance; um capítulo por dia! Escolhi o dia 12 de outubro para começar essa jornada, pois essa data tem um significado muito especial em minha vida. A cada dia, vocês acompanharão uma nova parte dessa história, cheia de emoção, desafios, momentos marcantes e revelações incríveis. Espero que se encantem e se envolvam com os personagens tanto quanto eu! Fiquem atentos para acompanhar o desenrolar dessa trama que promete surpreender.

A obra é ficcional. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos

Capítulo 1: Um Novo Horizonte

Em uma cidade cercada por intensa movimentação, nasceu José Carlos. A cidade de Seropédica, localizada na Baixada Fluminense era marcada, já naquela época, pelo caos e a agitação. A cidade parecia viver em uma eterna corrida contra o tempo, com ruas estreitas abarrotadas de carros velhos soltando fumaça e ônibus apinhados de gente. Não havia nada de sereno em Seropédica, e a paisagem urbana era marcada por construções antigas, desgastadas pelo tempo e pelo descaso. O som constante de buzinas, o eco dos motores e o movimento incessante de pessoas indo e vindo faziam parte da rotina.

José Carlos, que havia crescido ali, não se surpreendia mais com o ambiente ao seu redor. Desde cedo, ele havia aprendido que Seropédica era um lugar onde as pessoas viviam com pressa, onde o concreto dominava e os prédios mal cuidados se misturavam com fábricas que lançavam fumaça negra no céu, tingindo o horizonte de um cinza permanente. Não havia espaço para o encanto ou para o deslumbramento. A realidade de Seropédica era dura, implacável.

Seu pai, Nivaldo, era um homem sério e disciplinado, um militar do Exército que trazia a rigidez do quartel para dentro de casa. Ele vestia o uniforme com orgulho e, para ele, a ordem e a honra eram os pilares de uma vida digna. Nivaldo vinha de uma longa linha de militares, e esperava que seu filho seguisse os mesmos passos. José Carlos, por outro lado, não compartilhava dos mesmos sonhos. Mesmo pequeno, ele já nutria uma paixão diferente, algo que nem ele mesmo conseguia explicar, mas que o levava a sonhar com mundos além da agitação que cercava sua cidade.

Dona Maria Júlia, a mãe de José Carlos, era o completo oposto de Nivaldo. Dona de casa dedicada, ela trazia um ar de leveza e tranquilidade ao lar. Sua vida se resumia em cuidar da família, mas, ao contrário de seu marido, não impunha grandes expectativas sobre o filho. Para ela, o importante era que José Carlos fosse feliz. Maria Júlia conhecia o marido como ninguém, sabia que a rigidez que ele trazia era fruto de sua própria criação, de uma vida dura, marcada por poucas oportunidades e uma responsabilidade que desde cedo lhe foi imposta.