Tag Archives: geral

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 32: As Noites no Alojamento

11 nov

As noites no alojamento tinham uma atmosfera própria. Durante a semana, o foco era estudar. José Carlos e seus colegas passavam horas na pequena escrivaninha do quarto, com livros e apostilas espalhados por todos os cantos. O ambiente era silencioso, quebrado apenas pelo som das canetas no papel ou de alguém ocasionalmente fazendo uma pergunta sobre um exercício de física ou eletrônica.

“Você entendeu esse circuito?”, perguntou Ricardo, uma vez, apontando para um diagrama que parecia confuso. “Parece que cada vez mais esses componentes se multiplicam na minha cabeça.”

José Carlos, sempre disposto a ajudar, explicava o que sabia, e logo os colegas formavam uma espécie de mini grupo de estudo dentro do quarto. Esse hábito de compartilhar conhecimento foi uma das maiores riquezas da convivência no alojamento. Todos se apoiavam, e as dificuldades eram enfrentadas juntos.

Nos finais de semana, no entanto, o clima no alojamento mudava. Com o alívio de não haver aulas, os alunos buscavam maneiras de relaxar. O jardim ao lado do prédio se tornava o ponto de encontro para conversas mais descontraídas. José Carlos e seus colegas às vezes jogavam futebol ou simplesmente se sentavam sob as árvores, conversando sobre o futuro e os sonhos de cada um.

“José Carlos, o que você acha que vai fazer depois do curso?” perguntou André, em uma dessas noites. “Pensa em trabalhar com eletrônica mesmo, ou vai seguir outro caminho?”

“Eu quero ir além”, respondeu José Carlos, olhando para o céu estrelado. “A eletrônica é só o começo. Quero usar o que aprender aqui para criar algo que faça a diferença. Talvez seguir para a engenharia, quem sabe? Ainda estou descobrindo.”

Essas conversas noturnas eram momentos de reflexão e troca de experiências. Cada um dos colegas de quarto tinha uma visão diferente do futuro, mas todos compartilhavam a mesma vontade de aproveitar ao máximo os três anos na escola.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 23: Reflexões de Um Vencedor

2 nov

Com a aprovação em mãos, José Carlos voltou para casa, onde uma nova conversa o aguardava. O pai, apesar de inicialmente desapontado, foi convencido pela mãe de que aquele era o caminho certo para o filho. A eletrônica era uma área em ascensão, e José Carlos já havia provado seu valor com a aprovação na renomada escola técnica.

Nivaldo, aos poucos, aceitou a decisão do filho, mesmo que a contragosto. José Carlos sabia que a relação entre eles nunca seria totalmente tranquila, mas também entendia que seguir o próprio caminho era uma parte importante de seu crescimento.

Agora, José Carlos se preparava para embarcar em uma nova jornada. Ele sabia que os desafios da Escola Técnica seriam grandes, mas estava pronto. O menino de Seropédica, que um dia sonhara em desbravar o mundo através das palavras e dos números, agora estava prestes a mergulhar em um universo onde a ciência e a tecnologia guiariam seus passos.

E, pela primeira vez, ele sentia que o futuro estava verdadeiramente em suas mãos.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 19: O Despertar para a Tecnologia

30 out

Após terminar o ginásio, José Carlos estava em um ponto crucial de sua vida. A paixão pelas ciências e pela literatura havia crescido ao longo dos anos, mas agora, aos 14 anos, ele começava a vislumbrar o futuro de maneira mais concreta. A amizade com Thiago, seu companheiro de aventuras tecnológicas, havia despertado em José Carlos um interesse crescente pela eletrônica e pela tecnologia. Os momentos em que desmontavam aparelhos e exploravam o funcionamento de circuitos e sistemas elétricos passaram de simples curiosidade para algo mais profundo: uma possível vocação.

Com as pressões em casa continuando, especialmente por parte de seu pai Nivaldo, que ainda insistia na ideia do Colégio Militar, José Carlos começou a procurar alternativas que pudessem unir suas paixões. Foi então que ele ouviu falar da Escola Técnica de Eletrônica de uma cidade em Minas Gerais, um renomado colégio de segundo grau voltado para a formação técnica em eletrônica. Thiago, que já estava decidido a seguir essa área, foi quem apresentou a ideia a José Carlos.

“Você tem jeito pra isso, cara”, disse Thiago, animado. “Além disso, é um caminho que pode te levar longe. A tecnologia está mudando o mundo, e nós podemos fazer parte disso.”

Essa conversa ficou gravada na mente de José Carlos. A eletrônica parecia um meio-termo entre o desejo de seu pai por uma carreira sólida e o seu próprio interesse por entender o funcionamento do mundo. E assim, a decisão foi tomada: ele iria se preparar para o vestibular da Escola Técnica.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 13: Entre Sonhos e Pressões

24 out

Na 6ª série, José Carlos começou a enfrentar a dura realidade das expectativas familiares. Nivaldo, seu pai, era agora ainda mais insistente em que o filho seguisse o caminho militar. As conversas em casa, sempre pontuadas por regras rígidas e a necessidade de disciplina, começaram a pesar sobre José Carlos. Seu pai falava constantemente sobre a vida no Exército, e de como José Carlos deveria seguir seus passos para ter uma carreira segura e respeitável.

Por outro lado, a mãe de José Carlos, Maria Júlia, permanecia sendo sua maior apoiadora nos estudos. Ela via nos olhos do filho o desejo de algo maior, e, discretamente, o incentivava a explorar seus interesses, mesmo que isso o afastasse do caminho militar que Nivaldo tanto desejava. Ela o encorajava a ler, a questionar, e acima de tudo, a ser fiel a si mesmo.

Nesse período, José Carlos começou a se dividir entre dois mundos: o de suas aspirações acadêmicas e criativas, e o das expectativas familiares. As conversas sobre futuro eram cada vez mais tensas, mas José Carlos continuava determinado a explorar seu próprio caminho.

Foi também nesse ano que ele começou a se destacar em redação, nas aulas de português com a professora Dona Celina. Ela notou o talento natural de José Carlos para contar histórias e incentivava seus alunos a escrever redações mais complexas, explorando temas sociais e filosóficos. Dona Celina dava a liberdade para José Carlos se expressar, e isso o ajudava a lidar com o peso das cobranças de casa.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 9: Desafios e Descobertas na 3ª Série

21 out

Na 3ª série, as coisas começaram a mudar. José Carlos, agora com oito anos, começou a perceber que nem todos viam o aprendizado com o mesmo entusiasmo que ele. A escola, para alguns de seus colegas, era um fardo, algo a ser suportado até que pudessem trabalhar e ajudar suas famílias. José Carlos se via cada vez mais isolado em sua paixão pelos estudos e pela leitura.

A professora da 3ª série, Dona Carmem, era uma mulher firme, que acreditava na disciplina como meio para o sucesso. Ela gostava de manter sua turma sob controle rígido, e embora José Carlos fosse um bom aluno, ele também começou a sentir o peso das cobranças. As matérias tornavam-se mais complexas, e José Carlos se via desafiado a equilibrar a expectativa de boas notas com seu desejo de continuar escrevendo e lendo por prazer.

Mas foi também nesse ano que José Carlos descobriu algo novo: a matemática. Embora nunca tivesse se interessado muito pelos números, ele encontrou na lógica dos problemas matemáticos uma espécie de quebra-cabeça que o desafiava de maneira diferente das palavras. Dona Carmem, que era apaixonada por matemática, fez questão de mostrar a José Carlos que os números também contavam histórias. Para ela, a matemática era como uma linguagem secreta que, quando decifrada, revelava os segredos do mundo.

José Carlos começou a gostar de resolver problemas, e logo passou a vê-los como uma forma de exercitar sua mente da mesma maneira que a leitura fazia com sua imaginação. Foi uma descoberta importante, que o ajudou a equilibrar sua paixão pela literatura com o lado mais técnico do conhecimento.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.