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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 46: Desafios e Aprendizados

6 dez

Os primeiros meses como professor foram marcados por desafios. José Carlos enfrentou questões como indisciplina, desinteresse e a falta de recursos na escola. Contudo, ao invés de desanimar, ele enxergava cada obstáculo como uma oportunidade de crescimento. Aprendeu a lidar com diferentes tipos de alunos e a adaptar sua forma de ensinar de acordo com a dinâmica de cada turma.

Houve momentos de frustração, é claro, mas também de grande realização. José Carlos nunca se esqueceu do dia em que um aluno, que inicialmente parecia desinteressado, veio até ele após a aula para perguntar mais sobre o tema discutido. “Professor, nunca tinha pensado na história desse jeito. É legal ver como tudo está conectado com a nossa vida”, disse o jovem.

Esses pequenos momentos mostravam a José Carlos que seu trabalho, apesar de desafiador, tinha um impacto significativo.

Dar aulas na rede estadual antes mesmo de se formar foi um divisor de águas para José Carlos. Ele percebeu que ensinar não era apenas uma profissão; era uma vocação. A experiência confirmou sua escolha pela História e reacendeu seu desejo de contribuir para a educação como uma ferramenta de transformação social.

Quando o período de substituição terminou, José Carlos deixou a escola com a sensação de missão cumprida e um novo propósito consolidado. Ele sabia que aquele era apenas o início de sua jornada como professor, mas já estava certo de que seguiria esse caminho com paixão e determinação.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 44: O Trabalho de Conclusão

2 dez

Nos últimos semestres, José Carlos escolheu como tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) os movimentos operários no Brasil do início do século XX. Ele queria entender como trabalhadores de diferentes origens se uniram para lutar por melhores condições, mesmo em um cenário de grande desigualdade e repressão. Durante meses, mergulhou em arquivos, documentos e relatos, encantado com a riqueza das histórias que descobria.

O TCC foi mais do que uma exigência acadêmica; foi uma experiência transformadora que reforçou seu propósito. Apresentá-lo foi um dos momentos mais gratificantes de sua vida, pois ele sentiu que, de alguma forma, estava contribuindo para trazer à tona vozes do passado que muitas vezes eram esquecidas.

Concluir a graduação em História foi um marco na vida de José Carlos. Ele sabia que aquela etapa era apenas o início de uma jornada maior. A faculdade não apenas lhe deu conhecimento, mas também abriu portas para possibilidades que iam desde o ensino até a atuação em projetos sociais e políticos.

José Carlos saía da faculdade com um diploma nas mãos, e o mais importante, com uma mente cheia de ideias e um coração cheio de propósito. Ele estava pronto para usar tudo o que aprendera para impactar o mundo ao seu redor.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 39: A Primeira Experiência Profissional

20 nov

Logo depois de terminar o curso da escola técnica, José Carlos conseguiu uma oportunidade de estágio na Valetel, uma empresa especializada na fabricação de transmissores de TV e receptores de satélite. Era sua primeira experiência em uma indústria, e ele sabia que aquele estágio seria um marco importante na sua carreira. A Valetel era conhecida pela inovação em tecnologia de transmissão, e José Carlos sentiu-se empolgado com a chance de mergulhar em um campo tão avançado e dinâmico.

O ambiente da Valetel era desafiador e exigia dedicação. Logo no início, José Carlos foi apresentado a uma equipe de técnicos e engenheiros responsáveis por testar e aperfeiçoar os transmissores de TV e os receptores de satélite que a empresa produzia. Ele se surpreendeu ao ver o processo complexo e detalhado necessário para que esses equipamentos chegassem ao consumidor final. Desde a montagem e calibração até os testes de recepção e transmissão, tudo demandava precisão e conhecimento técnico.

José Carlos começou o estágio com tarefas básicas, como organizar peças e componentes e auxiliar nos testes iniciais dos transmissores. Mas, com o tempo, ele ganhou a confiança dos supervisores e passou a ter mais responsabilidades. Ele aprendeu a programar os receptores de satélite, a calibrar sinais de transmissão e a detectar e corrigir falhas nos circuitos eletrônicos. Cada dia era uma nova oportunidade de aprendizado, e José Carlos aproveitava ao máximo as orientações dos engenheiros e técnicos mais experientes.

Um dos momentos mais marcantes foi quando ele participou do desenvolvimento de um novo modelo de receptor de satélite. Era um projeto sigiloso e ambicioso da Valetel, que exigia um nível de precisão e confidencialidade que José Carlos nunca havia experimentado antes. Trabalhar no projeto exigiu várias horas extras e dedicação intensa, mas a experiência o fez perceber o quão importante era a união entre a teoria que aprendera na escola e a prática real na indústria.

O estágio na Valetel foi fundamental para José Carlos. Além de aprimorar suas habilidades técnicas, a experiência mostrou a ele como a indústria de eletrônica era dinâmica e em constante evolução. No entanto, apesar de todo o aprendizado e da imersão no setor, José Carlos também percebeu que seu interesse continuava mais voltado para as histórias e trajetórias humanas do que para os circuitos e transmissões.

Essa percepção reforçou a decisão de José Carlos de explorar seu lado mais humano e social, sem abrir mão do conhecimento técnico que a Valetel lhe proporcionou. O estágio não só foi uma etapa crucial em sua formação profissional, mas também reafirmou seu verdadeiro propósito.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 37: Novos Horizontes para o Futuro

16 nov

O jeito expansivo e comunicativo de José Carlos não apenas o destacava no ambiente escolar, mas também apontava para dois caminhos futuros que começavam a se delinear em sua mente: a política e o estudo da história. Desde cedo, José Carlos sabia o poder que as palavras e as relações tinham para unir as pessoas, e essa compreensão o fazia refletir sobre um possível futuro em que pudesse se dedicar a algo maior do que a sua própria trajetória.

José Carlos sempre se sentiu naturalmente inclinado a defender e representar as pessoas ao seu redor. Com seu carisma e facilidade em se comunicar, ele percebia que conseguia mobilizar os colegas, inspirar confiança e incentivar até os mais tímidos a se expressarem. Essa habilidade não apenas o tornava popular, mas também o fazia enxergar o potencial de um futuro na política.

Ele começou a entender que a política era muito mais do que apenas discursos e disputas de poder. Aos seus olhos, era uma oportunidade para gerar impacto, lutar pelas pessoas e construir uma sociedade mais justa e igualitária. Sabia que o trabalho político exigia, além de boas ideias, a habilidade de unir diferentes visões e buscar o bem comum — algo que ele praticava com frequência na escola e em seu grupo de amigos. A ideia de usar sua habilidade para algo transformador o fascinava, e, aos poucos, a política foi se tornando uma paixão que ele sentia vontade de explorar.

Se a política representava para José Carlos uma maneira de agir no presente para construir o futuro, a história representava o entendimento profundo das bases do que ele desejava transformar. José Carlos sempre foi curioso em relação aos grandes acontecimentos, às figuras históricas e ao impacto das ações humanas ao longo do tempo. Ele adorava descobrir como líderes do passado mudaram o mundo, as lutas e revoluções que marcaram épocas e as consequências que os erros e acertos das gerações anteriores tiveram sobre o presente.

Por isso, além de seu interesse em eletrônica e tecnologia, José Carlos começou a dedicar parte de seu tempo livre à leitura de livros de história, biografias e relatos de movimentos sociais. Sua mente extrovertida e curiosa fazia com que ele visse a história como uma série de narrativas, cada uma cheia de reviravoltas, personagens complexos e lições de vida. O estudo da história não era apenas um hobby, mas uma forma de compreender as raízes dos problemas e injustiças que ele sonhava em combater. José Carlos via o conhecimento histórico como uma ferramenta poderosa para não repetir os erros do passado.

A combinação de sua personalidade extrovertida com a paixão pela política e pela história dava a José Carlos uma perspectiva única. Ele já sentia que, um dia, esses dois interesses se tornariam forças essenciais em sua vida. Ele sabia que sua jornada na escola técnica era apenas um começo e que, ao sair dali, ele teria novos desafios e oportunidades para desenvolver essas paixões. Com a energia vibrante que o definia, José Carlos estava mais do que pronto para abraçar esse futuro, em que a política e a história o aguardavam, não apenas como destinos, mas como missões de vida.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 28: O Desafio Final

7 nov

O terceiro e último ano do curso técnico foi o mais intenso de todos. Com o vestibular à porta, José Carlos sabia que precisava se preparar não apenas para concluir o curso de eletrônica com sucesso, mas também para os desafios dos vestibulares. Ele desejava ingressar em uma universidade de prestígio, onde pudesse expandir seu conhecimento em engenharia eletrônica ou ciência da computação.

Nesse ano, os projetos práticos tomaram grande parte do tempo dos alunos. Cada estudante precisava desenvolver um projeto de conclusão de curso que fosse inovador e relevante para o mercado de eletrônica. José Carlos, sempre inquieto por novos desafios, decidiu trabalhar em um projeto ambicioso: um sistema automatizado de controle de temperatura para ambientes residenciais, utilizando sensores e uma interface simples para os usuários.

O projeto exigiu que ele colocasse em prática tudo o que aprendera ao longo dos três anos. Ele precisou dominar conceitos de eletrônica analógica, sistemas digitais e programação. José Carlos passava longas noites no laboratório, ajustando os circuitos, reprogramando o sistema e lidando com problemas técnicos que surgiam.

“Não vai ser fácil, mas eu sei que você consegue”, dizia Thiago, que trabalhava em um projeto paralelo sobre sistemas de comunicação via rádio. “Você tem uma visão clara do que quer fazer.”

Além disso, José Carlos começou a estudar intensivamente para o vestibular. A rotina era extenuante: passava as manhãs e tardes na escola, trabalhando no projeto técnico, e à noite se dedicava aos estudos teóricos para os processos seletivos. Mesmo assim, ele sentia que estava no caminho certo. As matérias de física e matemática, agora mais avançadas, faziam sentido para ele, pois conseguia ver sua aplicação direta nos projetos técnicos.

No fim do ano, quando chegou o momento de apresentar seu projeto de conclusão de curso, José Carlos estava nervoso, mas confiante. Ele sabia que aquele sistema de controle de temperatura era uma pequena amostra do que ele poderia alcançar no futuro. A apresentação foi um sucesso. O professor Marcondes ficou impressionado com a complexidade e a funcionalidade do projeto, elogiando José Carlos pela inovação.

“Você foi além do que era esperado José Carlos”, disse o professor após a apresentação. “Esse tipo de visão e iniciativa vai te levar longe na carreira que escolher.”

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 19: O Despertar para a Tecnologia

30 out

Após terminar o ginásio, José Carlos estava em um ponto crucial de sua vida. A paixão pelas ciências e pela literatura havia crescido ao longo dos anos, mas agora, aos 14 anos, ele começava a vislumbrar o futuro de maneira mais concreta. A amizade com Thiago, seu companheiro de aventuras tecnológicas, havia despertado em José Carlos um interesse crescente pela eletrônica e pela tecnologia. Os momentos em que desmontavam aparelhos e exploravam o funcionamento de circuitos e sistemas elétricos passaram de simples curiosidade para algo mais profundo: uma possível vocação.

Com as pressões em casa continuando, especialmente por parte de seu pai Nivaldo, que ainda insistia na ideia do Colégio Militar, José Carlos começou a procurar alternativas que pudessem unir suas paixões. Foi então que ele ouviu falar da Escola Técnica de Eletrônica de uma cidade em Minas Gerais, um renomado colégio de segundo grau voltado para a formação técnica em eletrônica. Thiago, que já estava decidido a seguir essa área, foi quem apresentou a ideia a José Carlos.

“Você tem jeito pra isso, cara”, disse Thiago, animado. “Além disso, é um caminho que pode te levar longe. A tecnologia está mudando o mundo, e nós podemos fazer parte disso.”

Essa conversa ficou gravada na mente de José Carlos. A eletrônica parecia um meio-termo entre o desejo de seu pai por uma carreira sólida e o seu próprio interesse por entender o funcionamento do mundo. E assim, a decisão foi tomada: ele iria se preparar para o vestibular da Escola Técnica.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 17: O Conflito Interno

28 out

A adolescência trouxe a José Carlos um turbilhão de emoções. As expectativas do pai tornavam-se mais pesadas, e o jovem começava a sentir que seu destino estava sendo traçado sem que ele tivesse escolha. A pressão para ingressar na vida militar aumentava a cada dia, e o peso da tradição familiar se abatia sobre ele. Nivaldo já o via com o uniforme verde-oliva, marchando com orgulho. No entanto, José Carlos queria mais. Ele queria explorar o mundo, conhecer culturas diferentes, talvez até se tornar um escritor e contar as histórias que fervilhavam em sua cabeça.

Certa noite, durante um jantar, o assunto se tornou inevitável. Nivaldo começou a falar, mais uma vez, sobre a importância da disciplina, da honra e do futuro brilhante que José Carlos teria se seguisse o caminho militar. O silêncio de José Carlos, no entanto, foi cortante. O jovem, com os olhos fixos no prato, sentia seu coração apertar. Ele amava seu pai, mas não podia seguir um caminho que não era o seu.

“Pai… eu não quero ser militar”, soltou José Carlos, quase em um sussurro, mas firme o suficiente para ser ouvido.

Nivaldo ficou em silêncio por um momento. O clima na mesa tornou-se denso, e Dona Maria Júlia, que até então observava quieta, sentiu o conflito iminente. Ela conhecia o marido, e sabia que as palavras de José Carlos o atingiam profundamente.

“Não quer?” Nivaldo finalmente quebrou o silêncio, sua voz era controlada, mas carregada de desapontamento. “E o que você quer, José Carlos? Ficar sonhando com coisas que não te levarão a lugar nenhum? A vida não é feita de sonhos.”

José Carlos olhou para o pai, com o coração disparado, mas decidido. “Eu quero conhecer o mundo, quero escrever, quero fazer algo diferente.”

As palavras de José Carlos ecoaram pela casa. Nivaldo se levantou da mesa, claramente irritado, e saiu para o quintal, sem dizer mais nada. Dona Maria Júlia permaneceu em silêncio, mas seus olhos transmitiam um misto de compreensão e tristeza. Ela sabia que esse seria apenas o primeiro de muitos embates entre pai e filho.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 15: A Encruzilhada da 8ª Série

26 out

Chegando à 8ª série, José Carlos já era um adolescente com um olhar mais maduro sobre o mundo. Com 14 anos, ele sabia que o final do ginásio marcaria o início de uma nova fase. Era o momento de escolher seu caminho, e essa escolha estava ficando cada vez mais difícil.

As pressões em casa continuavam. Nivaldo acreditava que ao final da 8ª série, José Carlos deveria começar a se preparar para ingressar no Colégio Militar, o que garantiria uma educação de qualidade e, eventualmente, uma carreira sólida no Exército. José Carlos, por outro lado, estava cada vez mais certo de que seu futuro passava pelos estudos, pela escrita, e agora, pelas ciências. Ele tinha o sonho de fazer faculdade, de explorar áreas como biologia, história ou até mesmo tecnologia, áreas que fascinavam sua mente curiosa.

O conflito entre pai e filho foi se intensificando ao longo do ano. José Carlos não queria decepcionar Nivaldo, mas também não queria abrir mão de seus próprios sonhos. Maria Júlia, sempre ao lado do filho, tentava mediar a situação, lembrando Nivaldo que o mundo havia mudado, e que José Carlos deveria ter o direito de escolher seu próprio destino.

Foi também na 8ª série que José Carlos teve contato com um projeto de iniciação científica na escola. O projeto, liderado por seu Eugênio, incentivava os alunos a desenvolverem pesquisas sobre temas diversos. José Carlos, encantado com a ideia, escolheu estudar o impacto da poluição no rio que cortava a cidade vizinha. Seu projeto foi um sucesso, e ele acabou sendo convidado para apresentar suas descobertas em um evento regional de ciências.

Esse reconhecimento fez com que José Carlos percebesse que seu talento ia além dos limites de sua cidade. Ele tinha potencial para algo maior, algo que lhe permitisse explorar o mundo ao seu modo. E, com isso, crescia dentro dele a certeza de que a vida militar não era para ele.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 13: Entre Sonhos e Pressões

24 out

Na 6ª série, José Carlos começou a enfrentar a dura realidade das expectativas familiares. Nivaldo, seu pai, era agora ainda mais insistente em que o filho seguisse o caminho militar. As conversas em casa, sempre pontuadas por regras rígidas e a necessidade de disciplina, começaram a pesar sobre José Carlos. Seu pai falava constantemente sobre a vida no Exército, e de como José Carlos deveria seguir seus passos para ter uma carreira segura e respeitável.

Por outro lado, a mãe de José Carlos, Maria Júlia, permanecia sendo sua maior apoiadora nos estudos. Ela via nos olhos do filho o desejo de algo maior, e, discretamente, o incentivava a explorar seus interesses, mesmo que isso o afastasse do caminho militar que Nivaldo tanto desejava. Ela o encorajava a ler, a questionar, e acima de tudo, a ser fiel a si mesmo.

Nesse período, José Carlos começou a se dividir entre dois mundos: o de suas aspirações acadêmicas e criativas, e o das expectativas familiares. As conversas sobre futuro eram cada vez mais tensas, mas José Carlos continuava determinado a explorar seu próprio caminho.

Foi também nesse ano que ele começou a se destacar em redação, nas aulas de português com a professora Dona Celina. Ela notou o talento natural de José Carlos para contar histórias e incentivava seus alunos a escrever redações mais complexas, explorando temas sociais e filosóficos. Dona Celina dava a liberdade para José Carlos se expressar, e isso o ajudava a lidar com o peso das cobranças de casa.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 12: O Início do Ginásio

23 out

A transição para o ginásio, a partir da 5ª série, marcou o início de uma nova fase para José Carlos. Ele estava deixando para trás a segurança e a familiaridade dos primeiros anos escolares para entrar em um mundo mais complexo e desafiador. O ginásio representava um novo nível de responsabilidades, e José Carlos, como sempre, estava ansioso por aprender mais e descobrir novas facetas de si mesmo.

Agora com dez anos, ele começou a frequentar a escola estadual, uma instituição maior e mais estruturada do que a pequena escola do primário. Ele se encontrava com colegas de outras partes da cidade, expandindo seu círculo de amizades e sua visão do mundo.

A 5ª série trouxe disciplinas novas, como ciências, história e geografia. A matéria que mais o fascinou foi, a princípio, ciências. José Carlos sempre tivera uma curiosidade natural sobre como o mundo funcionava, e as aulas de ciências, com experimentos e explicações sobre o funcionamento da natureza, abriram sua mente para novas possibilidades. O professor, seu Eugênio, era apaixonado por química e biologia, e logo identificou em José Carlos o mesmo brilho nos olhos que tinha pelos fenômenos naturais.

José Carlos mergulhou nas aulas de ciências, encantado com as explicações sobre o corpo humano, a fauna e a flora, e até os fenômenos atmosféricos. Ele lia sobre tudo o que podia, complementando as aulas com pesquisas próprias, encontrando na curiosidade científica um novo território a explorar.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 9: Desafios e Descobertas na 3ª Série

21 out

Na 3ª série, as coisas começaram a mudar. José Carlos, agora com oito anos, começou a perceber que nem todos viam o aprendizado com o mesmo entusiasmo que ele. A escola, para alguns de seus colegas, era um fardo, algo a ser suportado até que pudessem trabalhar e ajudar suas famílias. José Carlos se via cada vez mais isolado em sua paixão pelos estudos e pela leitura.

A professora da 3ª série, Dona Carmem, era uma mulher firme, que acreditava na disciplina como meio para o sucesso. Ela gostava de manter sua turma sob controle rígido, e embora José Carlos fosse um bom aluno, ele também começou a sentir o peso das cobranças. As matérias tornavam-se mais complexas, e José Carlos se via desafiado a equilibrar a expectativa de boas notas com seu desejo de continuar escrevendo e lendo por prazer.

Mas foi também nesse ano que José Carlos descobriu algo novo: a matemática. Embora nunca tivesse se interessado muito pelos números, ele encontrou na lógica dos problemas matemáticos uma espécie de quebra-cabeça que o desafiava de maneira diferente das palavras. Dona Carmem, que era apaixonada por matemática, fez questão de mostrar a José Carlos que os números também contavam histórias. Para ela, a matemática era como uma linguagem secreta que, quando decifrada, revelava os segredos do mundo.

José Carlos começou a gostar de resolver problemas, e logo passou a vê-los como uma forma de exercitar sua mente da mesma maneira que a leitura fazia com sua imaginação. Foi uma descoberta importante, que o ajudou a equilibrar sua paixão pela literatura com o lado mais técnico do conhecimento.

João Paulo é professor do CESU (Supletivo) de Santa Rita do Sapucaí, MG

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Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 7: Os Primeiros Sonhos

18 out

Depois de ser alfabetizado por Dona Marcolina, José Carlos ingressou na 1ª série cheio de curiosidade e ansioso por mais descobertas. Embora a sala de aula fosse pequena e simples, com cadeiras de madeira gastas e uma lousa antiga, para ele aquele ambiente representava um mundo de possibilidades. A escola de Seropédica, embora modesta, era o lugar onde ele podia se perder nas palavras e nas histórias, ampliando seu universo a cada página virada.

O primeiro ano foi um período de adaptação. José Carlos, com sua natureza observadora, rapidamente se destacava por sua sede de aprender. Enquanto muitos de seus colegas viam os estudos como uma obrigação imposta pelos pais, para ele, os livros eram uma porta aberta para mundos novos. O caderno com as primeiras letras rabiscadas logo foi preenchido com pequenas frases, e José Carlos passava mais tempo na biblioteca da escola do que nos intervalos de brincadeiras.

A professora da 1ª série, Dona Lúcia, era uma mulher gentil e paciente. Ela percebeu rapidamente a facilidade que José Carlos tinha para as palavras, e, embora gostasse de incentivar todos os alunos, reservava sempre um tempo extra para dar a José Carlos livros mais complexos, desafiando sua imaginação. Dona Lúcia frequentemente elogiava a curiosidade do menino, sempre o incentivando a explorar novos conhecimentos.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Entre Montanhas e Sonhos | Capítulo 6: Primeiros Passos na Jornada Escolar

18 out

José Carlos crescia correndo pelas ruas de Seropédica, sempre descalço, com os cabelos despenteados e os olhos brilhando de curiosidade. Ao contrário dos outros meninos que admiravam a vida militar, o uniforme impecável e as histórias de batalhas que seu pai contava, José Carlos se interessava pelo céu, pelas estrelas, pelo vento que balançava as árvores. Passava horas deitado no quintal, observando o movimento das nuvens e sonhando com lugares distantes. Seu mundo era feito de fantasias, de histórias que ele criava e recontava a si mesmo enquanto olhava para o horizonte.

Na escola, José Carlos era um aluno curioso. Embora não fosse o mais aplicado em matemática ou inglês, as aulas de literatura eram seu refúgio. Ele se encantava com as histórias de aventuras, de heróis que cruzavam terras desconhecidas, e imaginava que um dia poderia viver algo assim. Sua professora da primeira série, Dona Lúcia, notava esse brilho diferente nos olhos de José Carlos, e embora soubesse das expectativas de Nivaldo para o filho, ela incentivava o menino a nunca parar de sonhar.

“Você pode ser o que quiser, José Carlos”, dizia Dona Lúcia, sempre com um sorriso. “O mundo lá fora é grande, e seus sonhos são sua bússola.”

Mas em casa, a realidade era diferente. Nivaldo ficava cada vez mais impaciente com o comportamento “sonhador” do filho. Ele queria ver em José Carlos o mesmo compromisso que ele havia assumido desde cedo com a pátria, com a disciplina. A cada ano que passava, as conversas sobre o futuro de José Carlos tornavam-se mais sérias. Aos 10 anos, Nivaldo já falava de colégios militares, de treinamentos e de responsabilidades. José Carlos, no entanto, sentia-se sufocado, como se os prédios ao redor de Seropédica o estivessem aprisionando.

A obra é fictícia. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.